Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A deportação de Seabra da Silva

Nada faria prever que o ministro de Estado adjunto ao marquês de Pombal, desde Junho de 1771, aparentemente merecendo sempre a confiança de Pombal, visse essa situação completa e drasticamente alterada dum momemto para o outro.

A 17 de Janeiro de 1774, quando Seabra da Silva se dirigiu ao cais de Belém, para acompanhar a família real que partia para Salvaterra, ao chegar junto ao rei, pedindo-lhe as suas ordens. Ouviu estupefacto este dizer-lhe " Vá recebe-las do marquês de Pombal".

Ali chegado, lhe disse Pombal que estava demitido e desterrado.Perguntado pelas razões, disse-lhe Pombal que e tratava duma ordem real que era a seguinte:

«Cumpre ao meu real serviço que haja como hei por escuso de todos os empregos que nele ocupou o doutor José de Seabra da Silva, e lhe ordeno que no termo de quarenta e oito horas haja de sair da cidade de Lisboa e seu termo, e no de quinze dias peremptórios se apresente no Vale de Besteiros para dele não sair até segunda ordem minha. O marquês de Pombal, do meu conselho de Estado e secretário e ministro dos negócios do reino, o tenha assim entendido e faça executar, registando-se este decreto no livro a que pertence, e averbando-se os que por ele ficam reduzidos de nenhum valor. Palácio de Nossa Senhora da Ajuda em 17 de Janeiro de 1774

Foi para Vale de Besteiros e ali esteve três meses, seguindo depois dali preso para S. João da Foz no Porto, onde chegou no dia 4 de Maio. A 4 de Outubro foi tirado de S. João da Foz, e conduzido debaixo de prisão para um navio que seguia para o Rio de Janeiro, em escala para Angola com destino ao presídio das Pedras Negras, o desterro mais cruel a que se podia condenar um homem.

A resposta à pergunta sobre o motivo de tão inesperada decisão, é um dos dos enigmas mais insondáveis da nossa História, mas ao que parece tratar-se dum plano, que o marquês de Pombal urdira em combinação com D. José, para afastar do trono a princesa D. Maria, tornando seu sucessor, o príncipe D. José,seu neto e que o ministro Seabra da Silva, terá deixado transpirar esse segredo.

Não havendo a certeza de ser este o motivo de punição tão severa, parece contudo a hipótese mais plausível, conhecendo-se o relacionamento pouco amistoso entre Pombal e a Infanta, que lhe não perdoara por certo a perseguição que este faz a muitos dos seus mestre e amigos mais queridos.

Sem comentários: