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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1756

No reinado de D. José I, por iniciativa do seu ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, foi criada a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, com sede no Porto, com o objectivo de limitar a preponderância dos ingleses no comércio dos vinhos do Alto Douro e resolver a crise porque então passava aquela região.

A resistência e a hostilidade dos ingleses e de boa parte da burguesia de negócios do Porto quanto à Companhia, antes e depois da sua formação, vão obrigar Carvalho e Melo, em 1756–1757, a tomar medidas duras e repressivas, mas determinantes para o sucesso daquela Instituição, que veio a ter um papel determinante no crescimento económico do Porto e de todo o Norte de Portugal.


  • Fevereiro, 10 - Derrota dos índios guaranis das Missões do Uruguai pelo exército conjunto luso-espanhol na batalha de Caiboté. Morreram 1.200 índios e 154 foram feitos prisioneiros.
Trata-se dos índios que se opunham à demarcação fronteiriça dos domínios luso-espanhóis


Retirado de : Instituto Camões

  • Novembro,30-Alvará que permite o estabelecimento dum fábrica de cal em Lisboa
William Stephens, um inglês que já em 1752 foi aceite como membro da Feitoria Inglesa em Lisboa, inicia a sua actividade industrial com uma fábrica de cal no bairro de Alcântara, com muita oportunidade pois a cal era muito necessária para a reconstrução de Lisboa.
Muito embora viesse a falir, quando anos mais tarde esse negócio deixou de ser rentável, mas este mesmo Stephens, que virá alguns anos mais tarde a solicitar alvará para o estabelecimento de fábrica de vidros na Marinha Grande.
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  • Idealização da Arcádia Lusitana

A agremiação foi idealizada em 1756 e fundada no ano seguinte pelos esforços de António Dinis da Cruz e Silva, Manuel Esteves Negrão e Teotónio Gomes de Carvalho, o primeiro dos quais se encarregou de lhe dar os estatutos por que se regeu.

Tratava-se duma agremiação um tanto semelhante às academias de literato sque tinham proliferado em Portugal no século anterior, e, como elas, também para apresentação das produções dos seus sócios e sua crítica, mas com uma orientação literária antagónica à daquelas, porquanto, ao passo que essas promoviam o desenvolvimento do barroco seiscentista, esta procurava combate-lo, seguindo algum tanto as lições dos iluministas portugueses da primeira metade do século XVIII.

Era sua divisa Inutlia truncat, significando inutlia (coisas inúteis) tudo aquilo que o critério novo considerava atentatório do bom gosto e dum programa neoclassicista a que se comprometiam os seus sócios.

Para levar a efeito estes propósitos, a Arcádia incluía entre a sua actividade não só a apreciação, segundo normas de censura muito precisas, das composições apresentadas, como ainda a discussão de teses de teoria literária comunicadas sob forma de dissertação por alguns dos seus orientadores.

Não foi muito duradoura, ou pelo menos sem incidentes, a vida desta agremiação. A um período de actividade entusiástica que vai de 1757 a cerca de 1760, seguiram-se períodos entrecortados de vicissitudes várias (afastamento dos sócios mais devotados, questões internas, ataque de literatos dissidentes, etc.), durante os quais a sua função se vai desvirtuando e caindo em franca dissolução, até seu desaparecimento por 1774.
Retirado de : Farol das letras

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sebastião José-Ministro do reino

Apenas 2 semanas depois do cataclismo faleceu finalmente o Secretário de Estado do Reino, Pedro Mota e Silva já entrevado e velho, para o substituir foi nomeado em 4 de Maio, Sebastião José, muito embora já o fizesse desde a data da morte do anterior Secretário de Estado.

Foram 5 meses da máxima importância para o futuro de Sebastião José, obrigado também a trabalhar sobre grande pressão e urgência como naturalmente foram aqueles tempos após esse cataclismo de 1755.

O rei D.José admirou bastante todo esse trabalho e naturalmente que a promoção ao cargo mais poderoso do reino não se fez esperar, mas as invejas e as intrigas, contra Sebastião José fazia as primeiras surtidas.

Os contornos dessa conspiração contra o ministro do Reino, não são muito claras, mas traduziram-se no afastamento de Diogo de Mendonça Corte-Real, Secretário de Estado , que seria degredado para Mazagrão em 30 de Agosto de 1756.

Mais um homem influente do Reino, afastado da esfera do poder, com ou sem razão, injusta ou injustamente o facto é que esse afastamento apontava a preponderância de Sebastião José como "homem único de poder".

Outros implicados foram Martinho Velho Oldenberg e Francisco Xavier de Mendonça, um advogado já com querelas judiciais anteriores contra o Ministro, bem como mais alguns eclesiásticos, por acaso jesuítas.

Presos em 24 de Junho, condenados os civis à deportação para Angola e os jesuítas a Junqueira.

  • Maio,24-Bento XIV a pedido de D.José publica o breve consagrando o jesuíta São Francisco de Borja protector da monarquia portuguesa.
Nos primeiros dias após o terramoto D.José solicitara ao Papa esta medida que se destinava a proteger a monarquia portuguesa contra terramotos.

Todo um conjunto de missas que deveriam ser rezadas em todos os distritos, devendo todas ser rezadas nas igrejas da Companhia de Jesus e apenas onde as não houver, nas Catedrais ou nas igrejas principais.

  • Substituição do representante português em Roma, António Freire Encerrabodes por Francisco de Almada e Mendonça.

Esta substituição ocorre na sequência da conspiração contra Sebastião José, pelo envolvimento de Encerrabodes, bem como o José Galvão de Lacerda, representante em Paris

  • Novembro,1-Prisão de Gabriel Malagrida em Setúbal
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Já atrás referido o carácter do jesuíta Gabriel Malagrida, verdadeiramente místico, associando o flagelo do cataclismo de 1755 a castigo divíno pois segundo ele " Deus revelou que estava gravemente irado pelos pecados de todo o Reino e muito mais de Lisboa", chegando nos seus escritos a desafiar a própria família real, pelo que causava no afrontamento a Deus, as imoralidade e a devassa, dos espectáculos de ópera, as comédias mais obscenas, segundo ele, e os touradas.

Espectáculos que a própria família real patrocinava como foi o caso por exemplo da Ópera do Tejo já referida.

Essa afronta levou à prisão e ao desterro para Setúbal do jesuíta Malagrida.

Outras medidas foram tomadas como o Edital de proibição de leitura de livros ímpios sobre o Terramoto, em Outubro, ou a proibição da saída de pessoas de Lisboa, cujo pânico pela repetição sísmica um ano depois, era estimulado pela divulgação daquele tipo de profecias

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1755(1ªParte)

No 1º de Novembro de 1755, num sábado entre as 9 e meia e as 10 da manhã,a terra começou a tremer em Lisboa a princípio brando mas depois aumentou de intensidade por forma a que começaram a abater os edifício. Terá durado cerca de 7 minutos o mais importante que aconteceu em Portugal.

O fenómeno era frequente tendo acontecido os últimos no reinado anterior, mas não havia qualquer típo de preparação contra esse fenómeno, que diga-se foi acompanhado de um maremoto, tendo o mar investido sobre a cidade de Lisboa.
Para que o pânico e a destruição fosse ainda maior, também um enorme incêndio se ateou em vários pontos da cidade.

Lisboa era um cidade de cerca de 200 000 habitantes, uma das oito maiores cidades de Mundo, mais populosa que Madrid ou Roma. É preciso não esquecer que na altura era Lisboa a capital de um Império que se estendia por 4 continentes.

Tendo grosso modo se estimado que terão perecido entre 5 e 10% da população da cidade.

Também fora de Lisboa o sismo fez as suas vítimas e causou enormes prejuízos em povoações próximas de Lisboa como Cascais e Setúbal, mas muito intensamente em muitos locais do Alentejo e em especial no Algarve.

Em Lisboa mais de 2 terços dos edifícios ficaram inabitáveis. Todos os grandes hospitais, ficaram destruídos, bem como a maioria das igrejas e os edifícios públicos como o Paço Real da Ribeira, a Igreja Patriarcal e a Ópera do Tejo que havia sido inaugurado neste mesmo ano pelo anos da Rainha D. Mariana Vitória em 31 de Março.

Os bens e mercadorias que também ficaram destruídos, foi estimado recentemente por um historiador em cerca de 75% do PIB da altura, geraram como se deve calcular enorme crescimento da violência, devido ao caos motivado pela escassez de alimentos e de habitação.

Por outro lado porém, com o distanciamento que a análise fria da situação pode gerar, que o terramoto conduziu a uma verdadeira mudança em direcção à modernidade, como se verá em próximos acontecimentos.

Deve saborear-se o notável post publicado no blogue Tapornumporco clicando aqui

  • Março,31-Inauguração da Casa da Ópera (Ópera do Tejo) com a ópera Alessandro nell Indie.
Aproximadamente no local onde hoje fica o Arsenal da Marinha em LIsboa, foi inaugurado, foi construído esse teatro, sob o risco arquitectónico de Giovanni Carlo Bibiena, filho de outro famoso arquitecto, Francisco Bibiena. A construção terá sido dirigida por João Frederico Ludovice, que já trabalhara no Convento de Mafra.

Segundo diziam alguns na altura que não havia na Europa , teatro de semelhante gosto e riqueza, Com capacidade para cerca de 600 pessoas, cuja dimensão permitia que as assistências ultrapassem os círculos mais limitados da coroa, não se restringindo apenas aos nobres mais próximos do Rei.

As estreia aconteceu com a ópera Alessandro nell Indie de David Perez, segundo libretto de Pietro Metastasio, tendo sido contratados os melhores interpretes para uma espectacular encenação.

Infelizmente aquilo que teria sido um edifício espectacular ficaria integralmente destruído em Novembro desse mesmo ano.
  • Junho,06-Estabelecimento da Companhia geral do Grão-Pará e Maranhão
Esta companhia foi fundada em 1755, com o poder de monopólio estabelecido num prazo de vinte anos , com uma estrutura idêntica a outras companhias anteriormente formadas, com corpo de accionistas e funcionários administrativos.
Caracterizadas por forte componente estatal e monopolista, como o comércio de escravos e o transporte marítimo.

A ideia a criação desta companhia partiu de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Carvalho e Melo o futuro marquês de Pombal e governador que já em 1754 o alertava para o predomínio também económico dos jesuítas, escrevendo: “como os Jesuítas se viram senhores absolutos desta gente, os indígenas e de suas povoações, como se foram fazendo senhores das maiores e melhores fazendas deste Estado, vieram a absorver naturalmente todo o comércio, assim dos sertões, como particular desta cidade”*.

Mais adiante continuava: “como neste Estado não é rico o que tem muitas terras, senão aquele que tem maior quantidade de índios”, sendo pois os religiosos “senhores dos índios e por consequência senhores de tudo”, os colonos sentiam-se “pobres, miseráveis e perseguidos pelas ordens religiosas”.

É este o panorama que influência a criação da Companhia Geral e por certo a inflexão que irá motivar a atitude de Sebastião de Carvalho e Melo para com aquela Ordem religiosa, que sempre até aí o tinha apoiado, por influência da entretanto falecida Rainha-mãe e do seu confessor o jesuíta José Ritter.

Entretanto os índios eram declarados livres e o governo das missões dirigidas por jesuítas, iria desaparecer, passando a ser administradas pela coroa.

Já em Abril tinha sido publicado outro alvará, que declara isentos de qualquer infâmia quantos casassem com índias da América.