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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A regulação da produção vinícola(1765)

A personalidade ditatorial de Sebastião de Carvalho e Melo e a controvérsia sobre a justeza de algumas das suas medidas, chegam até aos nossos dias. Essa firmeza de carácter, não se cingia apenas aos aspectos políticos ou religiosos, ás tentativas de manipulação quer a favor da coroa inglesas, quer da coroa francesa, que circulavam pela corte, estendia-se igualmente aos princípios que defendia para a economia portuguesas

Portugal havia assinado em 1703 com a Inglaterra o Tratado de Methwen, para regulamentar as trocas comerciais entre os dois países e que veio incrementar a exportação de vinho,

Em consequência da fama que este vinho tinha adquirido, verificou-se um aumento da sua procura por parte de outros países da Europa, para além da Inglaterra, importador tradicional. As altas cotações que o Vinho do Porto atingiu fizeram com que os produtores se preocupassem mais com a quantidade do que com a qualidade dos vinhos exportados, o que esteve na origem de uma grave crise.

Para pôr fim a esta crise, o Marquês de Pombal criou, por alvará régio de 10 de Setembro de 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, com o fim de disciplinar a produção e o comércio dos vinhos da região, prevendo ainda a necessidade de se fazer, urgentemente, a demarcação da região, o que veio a concretizar-se.

Alvarás de 1765 e 1767 emanados pelo Marquês de Pombal ordenavam o arranque de vinhas de forma violenta, não poupando sequer a colheita do ano que estava em curso, por razões que se prendiam com a defesa da indústria vinícola.

Na realidade era excessiva o cultivo da vinha em Portugal, produzia-se vinha a mais e pão a menos, sabendo-se a conhecedora resistência portuguesa à mudança, não admira que o uso da força tenha sido o recurso final. Mandou arrancar as videiras nos campos do Mondego, do Vouga, do Tejo, da Anadia, Torres Vedras e muitas outras regiões.

Calcule-se a inimizade que as ruínas e a miséria que semeou na agricultura, geraram, mas acrescente-se que as suas em Oeiras, foram poupadas.

domingo, 26 de outubro de 2008

O beneplácito régio versus breve de Clemente XIII

Independentemente doutras razões económicas, a questão do antagonismo que se desenvolve neste século XVIII contra os jesuítas, é também uma questão política e ideológica, entre a difusão das ideias iluministas e o combate que a Companhia de Jesus fazia contra essas ideias.

Curiosamente a luta agudiza-se nos reinos católicos e governados por Bourbons (no caso português só a Rainha pertencia a essa família), iniciando-se um período caracterizado por um anticlericalismo, centrado contra aquela companhia, que Portugal abertamente iniciara coma expulsão dos jesuítas em 1758

As pressões contra os Jesuítas multiplicaram-se junto ao Papa Clemente XIII, mas este, enérgico, resistiu tenazmente e publicou em sua defesa, acusados de crimes em Portugal, França e Espanha, publicando a breve Apostolicum Pascendi elogiando os serviços, virtudes e utilidade da Companhia de Jesus e confirmando a sua instituição.

Praticamente todo o seu pontificado foi ocupado pela questão da abolição da Companhia de Jesus, requerida por muitos países. e por essas posições de defesa os governantes cristãos da Europa, chegaram a exigir a sua renúncia, ameaçando fundar suas próprias igrejas.

Pressionado por este enorme conflito, convocou uma congregação cardinalícia para discutir a questão, mas morreu misteriosa e repentinamente.

Essa breve, publicada em Janeiro de 1765, conduz a que logo em Março o procurador da Coroa, José Seabra da Silva, pede para que o breve de Clemente XIII, de defesa dos jesuítas, seja considerado nulo e ofensivo e impedida de circular em Portugal e por meio de um édito, ordena-se que fossem entregues ao tribunal da Inconfidência todos os exemplares desse breve de Clemente XIII de defesa dos jesuítas.

A argumentação de José Seabra da Silva, passava pela restabelecimento do beneplácito régio, ou seja, a prerrogativa do rei de Portugal ratificar todas as directivas papais, antes das mesmas terem valimento.





quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Notas sobre a Igreja da Memória

(Comentário de Bartolomeu, que passo a nota, agradecendo a colaboração )


Relativamente à Igreja da Memória, gostaria de chamar a sua atenção para a planta arquitectónica, para o facto de, vista de cima, apresentar algumas curiosidades, tais como a forma de cruz, assim como a sua cúpula central, apresentar a forma da rosa de 7 pétalas, símbulo dos Rosa-crucianos, a cuja sociedade secreta, consta que o Marquês pertencia. De resto, abundam pelo edifício outros símbulos maçónicos. Toda a relação de grandeza na construção do edifício assenta na relação aritmética da regra de phi, ou Lei Dourada, cuja relação será de 1,618 vezes maior que o seu antecessor e 1,618 menor que o seu sucessor.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A criação do Passeio Público(1764)


A ideia da criação dum Passeio Público estilo paisagista tido como modelo pelas realizações parisienses, era considerado, então, como o paradigma da modernidade na arte dos jardins urbanos.

Foi desenhado por Reinaldo Manuel, dos Santos arquitecto da cidade, sobre as então chamadas Hortas da Cera, terras húmidas e alagadiças, que foram elevadas, deitando-se para lá os entulhos do Terramoto, e plantados os primeiros freixos, oferta de Jacomo Ratton, (que os mandou vir da sua quinta de Barroca d Alva). um jovem francês empreendedor, que se estabelecera em Portugal e cuja primeira coisa que projectou foi, neste mesmo ano de 1764, uma fábrica de chitas.

Este projecto que haveria de continuar a desenvolver-se até 1771, enquadrava-se no plano de reedificação da Baixa, o Passeio Público devia contribuir para o ordenamento do espaço público, para a ‘formosura’ da cidade e para o saneamento da mesma.

Permitiria também o encontro das classes sociais num espaço arborizado, especialmente concebido para o efeito, e a sua mútua e progressiva aceitação.

Em 1859 o vereador Júlio Máximo Pimentel sugere na Câmara a abertura de uma avenida larga que ligasse o Passeio Público do Rossio a São Sebastião da Pedreira. A 24 de Agosto de 1879 inauguram-se os trabalhos para abertura da avenida a partir do plano do arquitecto Domingos Parente.

Pondo-se assim fim ao Passeio Público, atendendo a que eeste projecto viria a permitir a abertura da cidade para Norte

Com a avenida ainda por concluir, a 25 de Maio de 1886, foi realizado o baptismo oficial com um desfile militar, integrado no programa de festas do casamento de D. Carlos, ainda príncipe, com a princesa Dona Maria Amélia de Orleans