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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A frouxidão do príncipe do Brasil



Parque da Sereia em Coimbra (clicar aqui)

Os últimos anos da vida de D.João V, corresponderam a um período de verdadeiro marasmo nacional, que correspondeu à doença do Rei e à regência da Rainha, num período que coincide com a morte em 1747 do seu principal valido o cardeal da Mota.

Deve pois referenciar-se esse período entre 1747 e 1750, como um tempo em que a doença de D.João V o afastou da governação ao mesmo tempo, que as lutas entre as principais facções dentro da corte se intensificavam, com a ascensão da influência de Frei Gaspar da Encarnação, uma vez desaparecido o cardeal da Mota.

Descendente dos Condes de Santa Cruz, franciscano, a intimidade com D.João V, acontecia já de há muito anos, pois foi à sua guarda que ficaram os já aqui referidos filhos bastardos de el-rei, conhecidos como os meninos da Palhavã, talvez esta a razão da antipatia que a Rainha D.Maria Ana lhe votava.

O outro pólo congregador de influência na Corte por esta altura era Alexandre de Gusmão, secretário particular do Rei desde 1730 até á sua morte. Brasileiro, teve naturalmente grande importâncias nas decisões tomadas sobre aquela importante parte do reino.

Homem de grande cultura, frequentou a Sorbonne, e foi embaixador em Roma.


Foi pois em torno destes dois homens que se moveram todas as influências, muito embora se possa em verdade dizer que o franciscano Gaspar da Encarnação, (nascido Gaspar Moscoso e Silva) , havia ganho a Gusmão nesse computo de jogo do poder.

Claro que os derrotados, murmuravam contra o príncipe do Brasil, D.José, por não por cobro por frouxidão aos desmandos de Frei Gaspar.


domingo, 9 de setembro de 2007

Uma princesa descontente

Ao contrário do que acontecia, noutras cortes, ou mesmo na tradição monárquica portuguesa, o príncipe D.José e sua esposa não tiveram casa separada, viveram sempre junto do rei D.João V e da Rainha.

Atendendo a que só aos 36 anos D.José herdou a coroa portuguesa por morte de seu pai, viveu muita da sua vida de adulto e já casado sem a independência que o casal deveria ter e que causou alguma tensão, conforme se pode extrair da inúmera correspondência trocada pela jovem princesa com a sua família.

O estilo austero e maçador da corte portuguesa, foi diversas vezes relatado para Madrid, naturalmente que ao princípio mais ténue, mas cada vez mais frequente à medida que o tempo ia passando, como é natural.

Aconteciam alguns eventos musicais, de que a corte em geral gostava, em especial a jovem princesa, mas a quantidade não era suficiente, por certo bem menor do que a que havia na corte espanhola, pois durante todo o reinado de D.João VI só se terão representado 6 óperas todas cómicas, apenas durante o Carnaval.

Assistiu por certo à representação da primeira ópera de António José da Silva O Judeu que foi “Vida do Grande D.Quixote de la Mancha e do gordo Sancho Pança”, que se representou no Teatro do Bairro Alto em Lisboa em Outubro de 1733.

D.Mariana Vitória era uma apaixonada pelo canto e terá "contagiado" o príncipe, o que se irá reflectir no seu futuro reinado, nomeadamente entre 1750 e 1755.

Ela sempre referia o seu contentamento por esses espectáculos, referindo que era o "nosso único entretenimento". Quanta tristeza deixava transparecer nas sua cartas, por não poder assistir em Madrid, às exibições do cantor castrado Farinello, o mais famoso na altura.

A progressiva atracção da Rainha D.Maria Ana de Áustria pela religião, foi tornando a vida na corte cada vez mais austera, contribuirá para o avolumar do descontentamento da princesa, pelo regime tirânico instituído pela Rainha, levando a jovem princesa que chega a dizer a seu pai "se não fosse a ternura que tenho pelo meu príncipe pedir-vos-ía que me tirassem de uma tão grande escravatura" assim se referia ela ao ambiente que se vivia na corte.